domingo, 19 de agosto de 2012

Livros e mais livros


Uma das minhas grandes paixões são os livros. Desde criança, era fascinada por estas pequenas passagens para o paraíso.
Tudo começou com a minha avó. Existe coisa mais fantástica do que a casa da avó da gente? Para mim, aquilo era meu mundo encantado, onde eu podia fazer tudo, ou quase tudo!
Pois bem! Minha avó era professora e sua casa era cheia de livros. Havia, no entanto, uma estante especial cheia de livros que ficava no último e mais tenebroso quarto da casa. Era uma verdadeira aventura entrar naquele quarto, especialmente quando os adultos estavam todos na sala ou na calçada conversando. Na estante, que existe até hoje, encontrávamos vários títulos da literatura brasileira, outros sobre contabilidade, alguns de história, livros didáticos e alguns gibis. Muitas vezes pegávamos alguns dos livros para "estudar" quando brincávamos de escolinha na garagem da casa. Era tudo tão bom!!!
Mesmo não sabendo com precisão o propósito de alguns daqueles livros, todas as netas sabiam que eles eram importantes. À medida que fui crescendo e me inteirando mais da importância dos livros, voltava ao mesmo quarto para ver se ali tinha algum título mencionado na escola quando comecei a ver literatura na escola. E encontrei! Na minha oitava série, eu acho, li parte de "O primo Basílio" de Eça de Queiroz, e, entre uma explicação e outra, minha professora mencionou um outro livro de Eça que até havia sido proibido pela Igreja Católica: "O crime do Padre Amaro". Pois não é que na estante da minha avó tinha justamente esse livro?! Da minha avó, católica praticante?! Achei uma deliciosa audácia encontrar aquele livro ali diante de toda a história que havia por trás dele e pelo contexto católico em que a minha família se encontrava. Em nenhum momento parei para pensar que a proibição daquele livro já não existia mais e que seu conteúdo nem era mais tão chocante assim. Para a minha imaginação de adolescente de 14 anos, o que interessava era que eu tinha em mãos um livro muitíssimo suspeito e que poucas pessoas do meu círculo provavelmente jamais o leriam.
A partir de então, passei a ir ao quartinho com mais frequência e aquele virou meu segredinho. Li o livro inteirinho e me senti a mais subversiva e poderosa das criaturas, simplesmente por poder absorver aquele livro sem que ninguém soubesse. Era apenas eu e o livro, mas era como se eu não estivesse ali nem tampouco sozinha: estava profundamente mergulhada no universo das personagens. De repente, tinha uma vida paralela a minha!
E ler, pra mim, virou isso. Virou a possibilidade de viajar sem sair do lugar. Virou a possibilidade de me encontrar em outros personagens e com eles. Virou a minha forma de transcender a minha própria realidade e de aprender com os diversos universos paralelos que eu criava para mim enquanto lia um novo livro!
É... Acho que vou ali pegar um livro...

5 comentários:

  1. O que eu acho legal nos livros é a possibilidade de interagir, imaginar e criar a partir de. Nada contra a novas tecnologias, são muito boas algumas delas, porém ficamos na maioria das vezes muito passivos. É acho que ali pegar um também viu?
    Grande abraço.

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Gostei!!Realmente ler é algo mágico nos permite vivenciar coisas que muitas vezes nem são possíveis,torna tudo maior e melhor que de fato é.Aprendi muitas coisas das leituras que fiz,e hoje tenho a brilhante profissão de ensinar a ler.

    ResponderExcluir
  4. Quanta honra e quanta responsabilidade, hein Roberta!
    Ler é de fato algo fantástico e ensinar a ler deve ser realmente mágico! Parabéns!

    ResponderExcluir